Saúde
Para aliviar a dor dos bebês em procedimentos
Estudo revela intervenções para minimizar o sofrimento de crianças até um ano nas coletas de sangue, punções e vacinação
Jô Folha -
É possível aliviar a dor de crianças durante procedimentos, como coletas de sangue, punções ou vacinação. Estudo internacional, intitulado Seja doce com os bebês, que tem a participação da professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Ana Cláudia Vieira, pesquisadora na área de aleitamento e dor, dissemina as intervenções que podem ser usadas pelos pais e profissionais de saúde para confortar e aliviar de recém-nascidos a crianças de até um ano de idade. O trabalho foi apresentado em café científico ocorrido nesta quinta-feira (26) na Biblioteca Pública Pelotense.
Segundo Ana Cláudia, trata-se de uma estratégia de tradução do conhecimento durante os procedimentos menores, tipo lancetagem do calcâneo para o teste do pezinho a que todos os recém-nascidos são submetidos como parte dos cuidados recomendados para prevenir doenças e promover o crescimento e o desenvolvimento saudável. Acentua que as pesquisas já mostraram ao longo dos últimos 20 anos que a dor não tratada ou insuficientemente controlada traz efeitos danosos ao cérebro em desenvolvimento, especialmente naqueles muito prematuros.
"Então, é ético, colocar no contexto de prática clínica, seja no ambiente hospitalar ou na atenção básica, o melhor conhecimento disponível que temos hoje para aliviar a dor ou preveni-la", destaca. A pesquisadora salienta que os pais, enquanto grupo de interesse, são muito importantes nesse processo, pois podem ajudar e aprender a fazer isso com maneiras simples, de pouco custo e que não produzem efeitos adversos.
As formas se constituem em amamentação, contato pele a pele ou "cuidado canguru", e o uso das soluções adocicadas (glicose e sacarose). Além de aliviar a dor, ajudam a minimizar o estresse sofrido durante a realização desses procedimentos. Entre os grupos de interesse estão os gestores, os elaboradores de políticas públicas, os clínicos e os pesquisadores em contato com neonatos.
"Assim, torna-se imprescindível, se queremos mudar as práticas de cuidado, levar o conhecimento e promover a implementação dessas medidas. No Canadá, o trabalho da doutora Denise Harrison já está alinhado com a iniciativa amiga da criança", assinala. Ainda segundo a pesquisadora, o projeto é desenvolvido desde 2008, a partir das estratégias de conhecimento do Instituto de Pesquisas do Canadá.
O café científico realizado na noite desta quinta é uma estratégia de disseminação do conhecimento sobre como aliviar a dor no primeiro ano de vida de uma criança, quando 75% das imunizações são feitas. No YouTube podem ser encontrados os vídeos gravados em sete idiomas, que ensinam as técnicas para minimizar a dor dos bebês.
As soluções adocicadas
Conheça as soluções adocicadas que o projeto Seja Doce com os Bebês preconiza para aliviar a dor das crianças
- Amamentação durante as coletas de sangue
* A mãe deve começar a amamentar de dois a cinco minutos antes do procedimento e continuar ao longo dele.
- Contato pele a pele durante as coletas de sangue
* A mãe deve iniciar o contato pele a pele cerca de cinco minutos antes do procedimento, segurando o bebê no peito e o mantendo assim, aconchegado, durante o procedimento.
- Caso as soluções acima não sejam possíveis, dê apoio à sacarose, com ou sem chupeta, durante as coletas de sangue
* A sacarose oral é eficiente em lactentes de até um ano. Dose recomendada: 0,1 - 0,2 ml ao longo do procedimento. Comece entre um e dois minutos antes e o restante da dose ao longo do procedimento. Se uma chupeta é parte normal dos cuidados do bebê, a sucção não nutritiva pode ter benefícios analgésicos adicionais.
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